terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Luana e a Melissinha


Tá rolando uma promoçãozinha na fan page da melissa no facebook, e como eu já tinha escrito este texto aqui, resolvi aproveitar. Essa é a versão completa da minha história da melissa nos anos 80.
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As crianças choravam e chamavam a mãe enquanto eu tranquilamente as convidava para ver minhas novas sandálias de plástico. #soseiquefoiassim

Se eu tivesse que contar a minha história com a melissa em 140 caracteres no Twitter, com certeza seria assim. A maioria provavelmente não iria entender bulhufas, mas dificilmente não suspeitariam que eu estava falando da Melissa.

Ela me acompanha desde o maternal, e nesta ocasião em especial, eu tinha 3 anos de idade, estava no meu primeiro dia de aula, e lembro como se fosse hoje: a expectativa, o estranhamento, as crianças correndo pelo pátio antes da aulinha, as meninas maiores pulando amarelinha... e até a tia cantando marcha soldado para formarmos uma fila. A galinha Marilou também tocava bem alto. Lembro também das escovas de dentes que nos deram de presente e nos obrigaram usar depois do lanche (foi uma experiência um pouco traumática para quem ainda não tinha todos os dentes).

Mas a cena mais marcante com certeza foi dentro da sala de aula, quando as mães supostamente foram embora e a porta se fechou. Na minha lembrança, ela tinha 50 metros, era de aço maciço, tinha trancas gigantes e parecia impenetrável. Resumindo: as mães haviam acabado de nos deixar com uma certa “tia” que até então não conhecíamos, num lugar desconhecido, escuro e frio e cheio de cadeiras que podiam ser instrumentos de tortura do tipo cadeirinhas de “papinha” do medo. Imaginar a reação das crianças nesta situação nem se compara com o que eu vi. Eu estava lá. Elas choravam, gritavam, esperneavam, arranhavam a porta, todas queriam sua querida mãe de volta, a qualquer custo. Nem sei dizer onde estava a “tia” a uma altura destas, talvez passando no RH e pedindo a conta. Mas de todas as crianças, uma apenas olhava ao redor parecendo não entender nada daquilo. Essa criança era eu, que estava tão feliz com minha melissinha nova que não ligava para mais nada, era a primeira que eu tinha ganhado na vida, talvez uma aranha vermelho translúcido. Eu mal sabia falar, mas as frases que ecoam em minha memória desde então são: “Oi minina, óia minha melissinha!!! Pára de chorá e óia minha melissinha!!!”. Queria mostrar para todo mundo a sandália mais linda que eu já tinha visto, não parava de olhar para ela, nem um segundo. Não me lembro se algumas pararam de chorar por ir ver a sandália e se distrair um pouco ou se elas ficaram tão chocadas ao me ver tranquilamente “nem aí” com aquele bocado de coisa nova acontecendo, que resolveram parar de fazer escândalo.
Acho que a maioria não parou. Só me lembro da minha mãe depois me dando bronca no caminho para a casa falando que eu era a única que não gostava da mãe e coisas do tipo. Bom, isso não mudou muito de lá para cá, rs.

Mas, enfim, a lição que tirei disso tudo é que o novo sempre assusta, sempre tremeremos nem que seja um pouquinho diante do desconhecido, mas se tivermos mais confiança em nós mesmos, as coisas difíceis não parecerão tão “gigantes” quanto a gente acha que são. E elas não são.

Meu nome é Luana Wernik, tenho 32 anos, sou designer gráfica e sempre amei melissa.
Depois deste episódio, quando finalmente minha primeira melissa arrebentou de tanto uso, eu pedi para minha mãe amarrar uns cordões e continuei andando com ela pela rua, até realmente não ter mais jeito, de jeito nenhum. Vai ver foi aí que eu descobri que era designer, rs.

Só sei que foi assim.

P.S.: Eu sempre imaginei um comercial da Melissa com esta história. =)


Essa aí sou eu uns 2 anos depois ...

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Contato:
Luana Wernik

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